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Colesterol e risco cardiovascular: da teoria à prática

Artigo publicado por Alexandre Gouveia

Apesar de ser incriminado frequentemente como a origem de doenças como o enfarte e o acidente vascular cerebral, o colesterol faz parte dos componentes alimentares essenciais à vida e é fundamental no nosso organismo. Importa, por isso, esclarecer alguns conceitos e recomendações no que concerne à prevenção e tratamento de doenças relacionadas com o colesterol.

O colesterol é uma das gorduras existentes no corpo humano. A sua existência é importante na construção de células saudáveis e na absorção de várias vitaminas. No entanto, caso os valores de colesterol aumentem de forma excessiva, este pode constituir um factor de risco para doenças cardiovasculares. Ou seja, é o excesso de colesterol presente no sangue, designado como hipercolesterolémia, que poderá vir a representar um risco para a saúde e não a sua existência, fundamental ao funcionamento do corpo humano.

Caso esteja presente em excesso no sangue, o colesterol poderá vir a depositar-se nos vasos sanguíneos, nomeadamente nas artérias.  Esses depósitos de colesterol podem, eventualmente, tornar a circulação sanguínea difícil e assim limitar o transporte de oxigénio aos vários órgãos. O coração e o cérebro são órgãos que necessitam de uma circulação sanguínea regular e eficaz. Assim, compreendemos que em caso de colesterol elevado e de circulação sanguínea diminuida, sejam estes os órgãos que mais estão em risco de serem atingidos por enfartes e acidentes vasculares cerebrais (AVC ou trombose).

Na maior parte dos casos de hipercolesterolémia, o excesso de colesterol surge como resultante de uma má dieta, como por exemplo a ingestão frequente de más gorduras e reduzida de fruta ou legumes. Consequentemente, podemos prevenir o aumento de colesterol pela adopção de bons hábitos e estilos de vida tais como uma dieta saudável, pela prática de exercício regular. Caso necessário, e sempre em complemento às medidas mencionadas, podemos recorrer ao uso de fármacos que reduzem os níveis de colesterol no sangue.

Como saber então se temos colesterol em excesso ou um risco cardiovascular elevado? As recomendações suíças actualmente existentes aconselham que a primeira avaliação de risco cardiovascular em pessoas saudáveis deverá ser realizada a partir dos 40 anos no homem e a partir dos 50 anos na mulher. Essa avaliação de risco deve ser realizada por um profissional de saúde de forma a serem dadas as devidas informações e aconselhamentos de forma individualizada. Diversos factores de risco serão analisados como a idade, os antecedentes pessoais e familiares de doença (enfarte, AVC, hipertensão arterial, tabagismo) e, consequentemente, os valores existentes de gorduras no sangue, tais como o colesterol e triglicerídeos. Todos esses factores entram em conta no cálculo do que designamos por risco cardiovascular global. Este consiste numa probabilidade estatística de ocorrer um enfarte ou um AVC num período futuro de 10 anos.

Para que possamos compreender na prática a que corresponde o risco cardiovascular global vejamos dois exemplos concretos :

  • A Sra. Medeiros tem 59 anos, é uma pessoa saudável até à data, não tem tensão elevada nem é fumadora. Hoje consulta o seu médico de família em consulta de vigilância anual. Como hábito, o seu valor de colesterol é medido uma vez por ano pois os valores têm estado acima do normal. Por esse facto, a Sra. Medeiros tem-se empenhado em melhorar a dieta e em praticar actividade física regularmente (30 minutos de caminhada, 5 vezes por semana). Após ter feito uma análise de sangue para medir o valor de colesterol, o médico de família informa a Sra. Medeiros que actualmente o seu risco cardiovascular global é de 4%, ou seja baixo (até 10%). Este valor informa que em 10 anos, 100 pessoas com aquele valor de risco cardiovascular, 4 sofrerão um enfarte ou AVC. Apesar do colesterol encontrar-se acima do recomendado, as medidas aconselhadas pelo médico são baseadas numa dieta saudável e na prática de exercício físico regular.
  • O Sr. Santos tem 53 anos, é fumador, não pratica atividade física, tem uma tensão arterial elevada (150/95) que não está tratada e vai ocasionalmente ao médico (de 3 em 3 anos). Recentemente, na sua última consulta, o seu médico de família pediu-lhe umas análises e, após ter verificado que os valores de colesterol estariam ligeiramente elevados, calculou o risco cardiovascular global a 10 anos e informou-lhe que se situa a 24%, ou seja elevado (a partir de 20%). Este valor informa que, em 100 pessoas com aquela idade, fumadoras, com a mesma tensão arterial e com os mesmos valores de colesterol, 24 serão vítimas de um enfarte ou AVC. As recomendações fornecidas pelo médico de família neste caso são diferentes : reduzir a ingestão de gorduras, deixar de fumar, praticar actividade física, tratar a tensão arterial elevada e o colesterol elevado.

Como constatamos através dos casos acima referidos, o colesterol elevado é apenas um dos vários factores de risco a ter em conta e que aumentam a probabilidade de ocorrência de uma doença cardio ou cerebrovascular. Uma dieta saudável, com gorduras saudáveis como o azeite e que seja rica em fruta e legumes, é o primeiro passo a implementar. De seguida, tente praticar actividade física regularmente (30 minutos de caminhada a passo rápido, 5 vezes por semana) e não fume. São as três melhores estratégias de promoção da saúde e prevenção de diversas doenças, que não envolvem custos acrescidos e que têm benefícios muito significativos em qualquer altura da sua vida.

Para que possa avaliar o seu estado de saúde e compreender de que forma poderá passar à prática as diversas recomendações existentes, não hesite em contactar um profissional de saúde. Passe da teoria à prática, pela sua saúde!

Texto publicado na Revista Seletiva

Alexandre Gouveia
Artigo publicado pelo associado
Alexandre Gouveia
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